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Pesquisa com anzóis circulares

05/09/2012 - Ser cientista é ser curioso; ser oceanógrafo é ser um estudioso dos oceanos, frequentemente um tipo expansivo e curioso, e com um verdadeiro universo subaquático para ser explorado! ↓

Pesquisa com anzóis circulares

Encontro com o Nariz de geléia (Ijimaia sp)

(Alfredo Carvalho Filho, biólogo especialista em peixes)

Ser cientista é ser curioso; ser oceanógrafo é ser um estudioso dos oceanos, frequentemente um tipo expansivo e curioso, e com um verdadeiro universo subaquático para ser explorado!

Esse é bem o caso da galera do Tamar, donos de uma energia verdadeiramente sem limites, em busca do novo... Depois de 30 anos de dedicação ao seu sonho “tamariano”, referência mundial em conservação, pensa que eles ficaram na deles, acomodados, depois de transformarem as tartarugas marinhas em criaturinhas fofas e, melhor ainda, salvas da virtual extinção em nossas praias? Não, mas não mesmo!  Encontraram mais um sonho, e graças às tartarugas: o mar profundo.

Explicando: volta e meia aparecem tartarugas mortas na praia por terem sido fisgadas por anzóis, é a chamada pesca incidental. Ora, há dois tipos de anzóis: aqueles que todos conhecemos, em forma de J; e os mais eficientes, os Circulares, preferidos pelas frotas de pesca do primeiro mundo. Esses tais Circulares são também os preferidos pelos conservacionistas uma vez que, por seu formato, oferecem pouquíssimo risco para as tartarugas. Esses bichos simplesmente não conseguem ser “fisgados” pelos Circulares e, se os engolirem, cospem de volta! Mas isso é uma outra estória...

Bem, a galera do Tamar resolveu testar os Circulares na Bahia e divulgar sua eficiência para os pescadores, especialmente os artesanais, para diminuir as mortes incidentais das “fofas”. Ora, direis, como? Pescando! Nada melhor para convencer pescador do que pescar...!

O mar da Bahia tem duas peculiaridades: tem poucas ilhas costeiras e afunda a mais de 500 metros a poucos quilômetros da costa. Enquanto em São Paulo, você tem que navegar mais de 50 km para chegar a essa profundidade, bastam 10 para os habitantes da terra do Olodum. Daí, poucas ilhas... Assim, lá se pesca em mar aberto ou com os anzóis perto do fundão.

E lá foi o Tamar experimentar os anzóis nas águas fundas...Primeiro nos 200, depois nos 500, 700 e 1.000 metros! Bom, nem é preciso dizer que dá um trabalho danado soltar tanta linha (e recolher depois!!!!), mas a curiosidade...hã-hã!

Logo nos primeiros dias de pesca experimental, começaram a aparecer bichos estranhos, nunca vistos antes na vizinhança! Eram bichos de todo tamanho, com olhos grandes ou pequenos, de cores escuras ou brilhantes, bocarras e biquinhos, uma profusão de formas, universo novo a explorar, cara! Assim, em pouco tempo a pesca experimental ganhou um sobrenome: “experimental exploratória de profundidade”. 

E a grande pergunta surgia diariamente, “Que peixe é esse?”, freqüentemente sem resposta por parte dos “tartarugueiros”. Incansáveis, foram atrás de “peixólogos” que começaram a dar respostas: “Hum, isso é diferente, veio daí mesmo? Nunca tinha visto esse peixe no Brasil...”.

Era (e é) verdade. Muitas espécies de peixes jamais tinham sido registradas para o Brasil ou para o oceano Atlântico Sul, mais ainda para a Bahia e, pasmem, algumas eram (e são) novidades absolutas para a Ciência. Os “peixólogos” se esbaldam com isso e, rapidamente (para cientistas), começaram a publicar trabalhos científicos a respeito.

Um pequeno balanço em apenas 6 anos de Circulares:

A. ESPÉCIES POTENCIALMENTE NOVAS PARA A CIÊNCIA:

1. Ijimaia sp, o “nariz de geléia”, trabalho científico em preparação;
2. Scyliorhinus sp, o tubarãozinho dos filhotes do Submarino Amarelo, trabalho científico em preparação;
3. Urophycis sp, um tipo de merluza ainda sem identificação.
4. Peristedion sp, uma das cabrinhas de fundo,  trabalho científico em preparação.

B. ESPÉCIES NOVAS PARA O BRASIL E ATLÂNTICO SUL:

1. Eumegistus brevorti, o “olho de ovo”; trabalho científico publicado.
2. Taractes rubescens, um “olho de ovo” com quilha caudal; trabalho científico publicado.
3. Forma adulta de Taractichthys longipinnis, uma espécie de olho de ovo mais largo; trabalho científico publicado.
4. Verilus sordidus, o João mole; trabalho científico publicado.
5. Scombrolabrax heterolepis, o grilo preto; trabalho científico publicado.
6. Aulopus filamentosus, o trairado; trabalho científico publicado.
7. Saurida normani, o trairado pequeno; trabalho científico publicado.
8. Synaphobranchus kaupi, a moréia de fundo preta; trabalho científico em preparação.
9. Gymnothorax maderensis, a moréia amarela de fundo; trabalho científico em preparação.
10. Grammicolepis brachiusculus, o beijoca; trabalho científico publicado.

C. ESPÉCIES NOVAS PARA A BAHIA (RANGE EXTENSIONS):

1. Asarcenchelys longimanus, a lombriga; trabalho científico publicado.
2. Macruronus novazelandiae, a merluza azul; trabalho científico publicado.
3. Somniosus antarcticus, o tubarão da Groenlândia; trabalho científico em preparação.
4. Physiculus kaupi, Lestidium atlanticum, Etmopterus schultzi, Gephyroberyx darwini, Malacocephalus okamurai, Centroscymnus owstoni, Etmopterus bigelowi, Squaliolus laticaudus, Chiasmodon harteli e Schroederichthys tenuis, todos a integrarem um único trabalho científico, em preparação.

Ôceis pensa, mineiramente falando, que a galera sussegô? Nãummmmm! Lembremos que, além de incansáveis oceanógrafos, biólogos e “afins”, são conservacionistas, taí o Tamar que não nos deixa mentir. Então, criaram o único recinto de pesquisa e exposição da vida de águas frias e profundas da América do Sul, e isso na Bahia! A bicharada bateu palmas! Agora, além de coletar organismos diferenciados, o objetivo também é o de mantê-los vivos, uêba!!!! 

E surgiu o Submarino Amarelo, onde não só são desenvolvidos experimentos e análises sobre a vida das profundezas, como os visitantes do Tamar da Praia do Forte podem ver isso tudo. De repente, saindo do sol e calor, você entra em contato com esse universo, xeretando o que há dentro de vários aquários especiais, com água mantida ao redor dos 9 graus Celsius, em ambiente escuro e com luzes baças. Isso é viver uma experiência inusitada e rica, com guias que explicam tudo e te deixam ainda mais curioso (um oceanógrafo, ainda que por pouco tempo...). Gente, ver filhotes de tubarão nascendo ou ainda dentro dos ovinhos, é demais!!!!

Falando sério, dá para imaginar uma forma mais eletrizante de desvendar uma pequena parte dos mistérios das profundezas?

Saiba mais:

Segredos do mar profundo: mais uma espécie descoberta
Mais uma vez, o Tamar desvenda segredos do mar profundo. E agora, em forma de um grande e raro tubarão de dentes pontudos e afiados! No último sábado, 25 de agosto, os pesquisadores do Projeto capturaram um exemplar de Odontaspis ferox, tubarão extremamente raro e parente da Mangona (Carcharias taurus) de águas rasas. 

 

 

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