24/10/2024 - Desde os anos 80, o Projeto TAMAR se destaca na conservação de tartarugas marinhas no Brasil, com uma abordagem que une pesquisa cientÃfica à inclusão das comunidades locais. ↓
O objetivo é sensibilizar a população sobre a importância das tartarugas e de seus habitats, oferecendo alternativas econômicas que melhorem o bem-estar das comunidades. Para isso, o projeto desenvolveu atividades educacionais e socioeconômicas que têm contribuído significativamente para atingir as metas de conservação. Com o aumento das ações comunitárias, surgiu a necessidade de organizar e sistematizar essas iniciativas; em resposta, no final dos anos 2000, essas atividades foram classificadas em duas categorias principais: educação ambiental e inclusão social (EA-IS) junto a implementação do banco de dados SIGRE, que monitora essas ações em todo o Brasil.
A eficácia das intervenções do Projeto TAMAR está intrinsicamente ligada à sua capacidade de responder a diversas ameaças que as tartarugas enfrentam. Essas ameaças são moldadas por fatores socioeconômicos, políticos e ecológicos que variam de acordo com a região. A percepção e o grau em que as ameaças são abordadas evoluem de acordo com vários fatores: conhecimento científico; capacidade organizacional; capacidade de execução do governo; mudanças em contextos regionais, incluindo a configuração de partes interessadas; e a eficácia dos esforços de gerenciamento de ameaças.
Atualmente, as ações de educação ambiental e inclusão social do Projeto TAMAR contam com quatro linhas de ação focadas no gerenciamento de ameaças e discute cada uma através de casos notáveis, demonstrando como as bases de pesquisa e conservação permitem a identificação e respostas adequadas. Duas dessas linhas tratam de ameaças imediatas como a captura incidental e o desenvolvimento costeiro, enquanto as outras visam prevenir o surgimento de novas, por meio da inclusão social e de iniciativas educativas que promovem a conscientização a longo prazo.
Para as ameaças atuais como a captura incidental e o desenvolvimento costeiro são desenvolvidos dois programas. O Nossa Praia é a Vida, direcionado aos usuários das praias onde a cada ano participam cerca de 40.000 pessoas em ações de sensibilização desenvolvidas nas praias. E o programa Nem Tudo que Cai na Rede é Peixe, focado aos pescadores artesanais com cerca de 400 participantes em média por ano, que aborda tanto o protocolo de reanimação pós captura, bem como, outras ações de sensibilização. A diversidade das ações e as adaptações às realidades locais são fatores determinante para a interação com estes públicos.
Nas outras linhas de atuação da EA-IS com foco na prevenção de novas ameaças, as oportunidades de trabalho e renda integradas a treinamento e capacitação contribuem para melhoria de vida nas comunidades em função da proteção as tartarugas marinhas, e, portanto, são laços criados que geram parcerias em prol à causa. Atualmente são cerca de 600 pessoas entre colaboradores e grupos produtivos de artesanatos apoiados. Outra iniciativa que contribui com os resultados a longo prazo, são os programas de educação ambiental direcionados às crianças e adolescentes. Muitos ex-integrantes destes programas retornam para o Projeto após se tornarem profissionais, assumindo postos importantes nas ações de conservação. Nestes programas já foram atendidas cerca de 2.000 crianças e adolescentes.
A adoção do manejo adaptativo é crucial, permitindo ao Projeto TAMAR não apenas avaliar de forma sistemática os impactos sociais de suas iniciativas, mas também integrar essas análises ao planejamento geral da conservação das tartarugas marinhas. Essa abordagem não só melhora a eficácia das ações de conservação, mas também fortalece o desenvolvimento sustentável das comunidades locais, criando aliados na proteção das tartarugas marinhas.
Com um legado de sucesso e uma estratégia em constante evolução, o Projeto TAMAR reafirma seu compromisso em proteger as tartarugas marinhas e promover a harmonia entre a conservação ambiental e o desenvolvimento social nas regiões costeiras do Brasil.
Para mais detalhamentos consultar o artigo: da Silva, VRF, Mitraud, SF, Ferraz, MLCP et al. Adaptive threat management framework: integrating people and turtles. Environ Dev Sustain 18, 1541–1558 (2016). DOI:10.1007/s10668-015-9716-0 clicando aqui
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