02/02/2023 - Das nossas confecções nascem peças exclusivas e repletas de memórias de pessoas, de tartarugas e dos oceanos. ↓
No início das atividades da Fundação Projeto Tamar, nos anos 80, muitas comunidades costeiras tinham o costume de matar as tartarugas marinhas e consumir seus ovos. Para mudar essas tradições, que também eram uma questão de subsistência, os jovens oceanógrafos logo compreenderam que a conservação desses animais dependia do apoio e envolvimento dessas comunidades. Mas como cuidar das pessoas para que elas cuidassem das tartarugas?
Em Regência/ES e Pirambu/SE, locais cruciais para conservação das tartarugas marinhas, havia poucos incentivos econômicos para as comunidades. Através da convivência entre pesquisadores e locais, ficou claro que oferecer alternativas de renda iria não só melhorar a qualidade de vida dessas pessoas, mas também diminuir a caça e consumo das tartarugas marinhas como hábito de subsistência.
Foi então que, em 1990, uma experiência pioneira aconteceu em Regência. A partir de uma ideia, que inicialmente era apenas de estampar camisetas para distribuir aos pescadores, nasceu o primeiro grupo de confecção formado por mulheres e filhas de pescadores. E, após o sucesso, inspirou a criação, em 1996, da unidade de Pirambu. Uma iniciativa que passou a gerar desenvolvimento, melhoria de renda e inclusão para as suas comunidades. De lá começaram a sair as camisetas e peças que se tornaram uma das principais formas de divulgação da mensagem de conservação das tartarugas marinhas e dos oceanos.
E hoje, assim como as tartarugas viajam longas distâncias entre áreas de alimentação e áreas de desova, as produções das confecções também atravessam o Brasil até as Lojas Tamar dos Centros de Visitantes onde o turismo, já estabelecido, traz oportunidades de comercialização. Os recursos gerados são totalmente revertidos para ações de proteção nas praias, geração de empregos e atividades de educação ambiental e valorização cultural da Fundação Projeto Tamar. Portanto, as habilidades, esforços e comprometimento destes colaboradores, contribuem diretamente para sustentabilidade das atividades de conservação destes animais. Como um sistema vivo e dinâmico, todos participam de um mesmo um ciclo socioprodutivo.
Élio Alcântara, coordenador de produção da Confecção do Tamar em Regência
Das nossas confecções e grupos produtivos nascem peças exclusivas, legitimamente brasileiras e repletas de memórias de pessoas, de tartarugas e dos oceanos. Histórias inspiradoras de crescimento como a de Gleusiane Carlos, nativa de Regência, que ajudou a pintar as primeiras camisetas e, após se formar em administração, foi gerente da confecção do Tamar, onde permaneceu por 27 anos. Elas também fizeram parte da vida de pessoas que cresceram nestes espaços, acompanhando suas mães costureiras e atualmente assumem papeis estratégicos na gestão das produções. Como é o caso do Élio, que há 25 anos trabalha com muito orgulho na Confecção do Tamar em Regência/ES. Atualmente, cerca de 60 famílias de pescadores, representadas por suas mulheres e outros familiares, trabalham nas duas confecções da Fundação Projeto Tamar.
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