28/03/2023 - Histórico de atuação da Fundação Projeto Tamar demanda aperfeiçoamento de sua base de dados. ↓
Ao longo de quatro décadas, desde sua criação, o Projeto Tamar foi diversificando suas ações de conservação e pesquisa, testando e aprimorando novas metodologias de campo e atendendo à crescente demanda por conhecimento sobre as tartarugas marinhas. Assim, sua base de dados também evoluiu gradualmente, armazenando e integrando novas informações.
O Projeto Tamar foi criado com objetivo inicial de proteger fêmeas em período reprodutivo e ninhos, etapa do ciclo de vida em que as tartarugas ficam mais vulneráveis a predação humana. Sua primeira base de dados, portanto, armazenava informações sobre as fêmeas (espécies, biometria e marcas), e sobre os ninhos (datas de postura e nascimento, quantidade de ovos, número de filhotes nascidos, natimortos, etc..), possibilitando assim cálculos de taxas de eclosão e tempo de incubação. Estas informações embasam avaliações das estratégias de manejo adotadas pela Fundação Projeto Tamar na proteção de ninhos, estudos sobre tendências de populações e avaliação do estado de conservação das espécies de tartarugas marinhas que desovam na costa brasileira.
Apesar do enfoque prioritário na conservação das tartarugas em período reprodutivo, ao longo da primeira década de atividades foram também coletadas informações sobre animais capturados incidentalmente na pesca. Esse fato culminou na implantação das primeiras Bases em áreas de alimentação, em algumas localidades onde havia informações sobre grande número de capturas incidentais em pescarias costeiras. O desafio era orientar pescadores artesanais sobre a importância de devolver vivas ao mar as tartarugas capturadas em suas redes de pesca.
Para esta nova atividade de conservação, uma nova base de dados “não reprodutiva” foi criada para armazenar informações sobre as capturas incidentais (datas, espécies, biometria, se vivas ou mortas), bem como sobre as artes de pesca (tipos de pesca, malha das redes). Assim, tornou-se possível estimar taxas de mortalidade e comparar diferentes pescarias, indicando as prioridades para as ações de conservação das tartarugas.
A experiência adquirida com o trabalho junto às pescarias costeiras, levou o Projeto Tamar a criar no início dos anos 2000, o Plano Nacional para Redução das Capturas Incidentais de Tartarugas Marinhas pela Pesca. O chamado Plano Pesca propôs uma nova abordagem de pescarias, costeiras e oceânicas, levando em conta a diversidade de características das áreas de atuação das frotas pesqueiras, das embarcações, das espécies alvo, dos petrechos de pesca, entre outras.
Além das atividades realizadas de forma contínua e sistemática, a Fundação também realiza projetos de pesquisa específicos que requerem a captura intencional das tartarugas para coleta de dados, utilizando o mergulho, tarrafas ou mesmo redes de pesca (captura científica).
Para atender a toda esta diversidade de informações, foi desenvolvido em 2006, o Sistema de Informações sobre Tartarugas Marinhas – SITAMAR, trazendo para a Fundação Projeto Tamar um sistema robusto que incorpora e integra as diferentes categorias de dados: Reprodutivos e Não reprodutivos (Encalhes, Capturas incidentais na pesca e Capturas científicas). Os dados armazenados neste Sistema são coletados de forma padronizada em campo e validados por pesquisadores experientes da equipe, para assegurar sua qualidade e confiabilidade.
Hoje, o Sitamar armazena 729.113 registros de tartarugas feitos pela Fundação Projeto Tamar em suas áreas de monitoramento, sendo 611.464 (89%) referentes à atividade reprodutiva e 117.649 (11%) relacionados à pesca, encalhes e capturas cientificas. A cada ano, em torno de 28 mil novos registros são inseridos no Sitamar. Estes dados serviram de base para a elaboração de cerca de 900 publicações cientificas, como artigos, teses, dissertações, apresentações em congressos, etc.
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