27/06/2022 - Quatro das cinco espécies de tartarugas marinhas encontradas no Brasil encontram-se em algum grau de ameaça de extinção ↓
As espécies ameaçadas de extinção, animais ou vegetais, são aquelas em risco de desaparecer em um futuro próximo. Inúmeras delas já se extinguiram nos últimos milhões de anos devido às causas naturais, como mudanças climáticas e incapacidade de adaptação à novas condições de habitat. Infelizmente, o ser humano tem acelerado esse processo de extinção através da destruição de ecossistemas, exploração insustentável dos recursos naturais e introdução de espécies exóticas em diferentes locais.
Em 1964, a União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN) criou o que veio a se tornar o maior catálogo sobre o estado de conservação de espécies de todo o planeta, a Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas. Reavaliada periodicamente, ela obedece a critérios precisos e seus objetivos são:
- Fornecer informações com base científica sobre o estado das espécies e subespécies em um nível global;
- Chamar a atenção do público para a magnitude e a importância da biodiversidade ameaçada;
- Influenciar legislações e políticas nacionais e internacionais;
- Fornecer informações para orientar as ações para conservar a diversidade biológica.
No Brasil, o Ministério do Meio Ambiente é responsável pela coordenação desse processo. Entre 2009 e 2014, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) realizou a avaliação da fauna brasileira, utilizando o método criado pela UICN, que atribui categorias de risco de extinção de acordo com os seguintes critérios: informações sobre distribuição geográfica, dados populacionais, características da espécie que possam interferir em sua resposta às alterações do ambiente, ameaças que a afetam e medidas de conservação já existentes. Oito anos depois, a lista oficial de espécies ameaçadas foi atualizada e publicada através da Portaria MMA Nº 148, de 7 de junho de 2022. Realizada com o apoio de especialistas de cada grupo entre 2015 e 2021, a nova Lista Vermelha traz 3.209 espécies ameaçadas da flora e 1.249 da fauna brasileira, e deverá ser atualizada anualmente.
No caso das tartarugas marinhas, o número de fêmeas que sobem para desovar na praia é utilizado como principal critério de avaliação para classificar o status das espécies. E, uma maneira de estimar esse dado, é através da quantidade de ninhos por área de desova. Porém, como esses animais tem um ciclo de vida longo e complexo, e possuem ampla distribuição nos oceanos, ainda existem muitas lacunas de informações para melhor avaliar essas classificações.
Segundo a última revisão dos grupos de especialistas, quatro das cinco espécies de tartarugas marinhas encontradas no Brasil encontram-se em algum grau de ameaça de extinção. E o status de conservação delas ficou assim:
- Tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea): continua na categoria “Criticamente em Perigo”
- Tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta) e tartaruga-oliva (Lepidochelys olivácea): passaram para a categoria “Vulnerável”, saindo da categoria “Em Perigo”
- Tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata): passou para a categoria “Em Perigo”, saindo da categoria “Criticamente em Perigo”
- Tartaruga-verde (Chelonia mydas): saiu da lista de espécies ameaçadas e passou para a categoria “Quase Ameaçada”, mas depende de ações de conservação para poder permanecer nessa condição.
É importante ressaltar que todas as espécies de tartarugas marinhas continuam sendo ameaçadas por atividades humanas como a poluição do mar, a captura incidental pela pesca, e a degradação e ocupação de áreas de desova, dentre outras. Já as mudanças na lista comprovam que ações de conservação e de longo prazo, assim como as desenvolvidas pelo Projeto Tamar há mais de 40 anos, juntamente com o esforço feito por outras instituições e pela sociedade como um todo, são fundamentais e devem ser continuadas para garantir a existência desses animais incríveis.
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