Embora se trate de uma questão biológica, o trabalho de conservação ambiental também depende de componentes sociais, culturais e econômicos. O desafio, então, era encontrar caminhos para diminuir a tensão social causada pela legislação que proíbe a utilização dos recursos naturais ameaçados de extinção. Em primeiro lugar, era necessário envolver as comunidades no trabalho de proteção das tartarugas marinhas, desenvolvendo ações de educação ambiental e transferência de informação, complementadas pelos programas de geração de serviços e renda.
As estratégias do Tamar basearam-se nesse principio, hoje consagrado: sem a participação das comunidades, programas conservacionistas estão condenados a falhar. Para facilitar a integração social e realçar as iniciativas conservacionistas, o Projeto passou a desenvolver várias atividades, com diversos componentes integrados, em resposta às necessidades e expectativas sociais, que variam de lugar para lugar, ao longo dos oito mil quilômetros do litoral brasileiro. Em algumas localidades, os pesquisadores chegaram até mesmo a trocar ovo de galinha por ovo de tartaruga.
Atualmente, moradores dos vilarejos, incluindo pescadores, constituem a maioria da equipe (85%) e todos estão envolvidas diretamente com o Projeto. São cerca de 1.300 pessoas, incluindo cerca de 400 pescadores que trabalham nas atividades de campo. A área de influência do Tamar atinge aproximadamente a 25 comunidades costeiras, com população variando entre 500 e 20 mil pessoas, cujas economias se baseiam principalmente na extração dos recursos naturais e no ecoturismo.
Ao longo do tempo, o Tamar tornou evidente que a conservação das tartarugas marinhas gera benefícios a todos os que contribuem com ela, sejam membros das comunidades costeiras, da comunidade científica ou da sociedade em geral, reforçando o conceito de que as tartarugas marinhas valem mais vivas do que mortas.
Assista o vídeo "Tamar e Comunidades: Primeiros Passos"