30/10/2013 - A pesquisa complementa estudo desenvolvido há cinco anos. ↓
Um estudo do Projeto Tamar em parceria com a NOAA - National Oceanic and Atmospheric Administration - instalou em outubro/2013 transmissores em cinco fêmeas adultas de tartarugas marinhas para monitorar os deslocamentos. Ele complementa uma pesquisa que vem sendo realizada há cinco anos para saber o número de vezes que uma tartaruga cabeçuda desova em uma temporada reprodutiva e com que frequência essa espécie volta à praia de nascimento para fazer seus ninhos, além de outros indicadores demográficos.
A pesquisa vai testar a hipótese de que existem dois grupos diferentes na Bahia, o que chega no início da temporada, faz seus ninhos e depois vai em busca de alimento no sul do país, e um outro grupo, que chega no final da temporada, faz ninhos e vai se alimentar no norte do Brasil. A coordenadora de pesquisa e conservação do Tamar, Neca Marcovaldi, explica que essa definição de rota pode estar associada às prevalências da direção das correntes oceânicas no momento da eclosão dos filhotes. Serão investigados também marcadores com isótopos para tentar identificar as diferentes áreas de alimentação da espécie.
Os transmissores lêem, além do deslocamento, profundidade e temperatura da água. Em 5 anos de estudo, foram identificados dois animais que retornam para desovar anualmente, conta Neca. A expectativa é instalar pelo menos dois de sete transmissores nestas tartarugas para descobrir se existe alguma modificação de comportamento em relação às demais, principalmente se há uma terceira área de alimentação mais próxima e que não consta como hipótese.
Cabeçudas na Bahia - A tartaruga cabeçuda tem como principais áreas de desova no país o litoral norte da Bahia, o litoral norte do Espírito Santo e o norte do Rio de Janeiro. Desova também, mas em menor quantidade, ao longo do sul da Bahia, Sergipe e sul do Espírito Santo.
No Brasil, são registrados dados de 8 mil desovas de cabeçudas por temporada, gerando cerca de 590 mil filhotes a cada ano. No norte da Bahia, mais de 4 mil desovas geram aproximadamente 350 mil filhotes. Há também registros de desovas dessa espécie na região de Ilhéus, Comandatuba, Porto Seguro, Trancoso e alguns outros trechos, chegando a cerca de 400 ninhos por ano.
Cinco espécies de tartarugas marinhas ocorrem no Brasil, todas ameaçadas de extinção: Tartaruga Cabeçuda (Caretta caretta), de Pente (Eretmochelys imbricata), Oliva (Lepidochelys olivacea), Verde (Chelonia mydas) e de Couro (Dermochelys coriacea). No total são cerca de cerca de 24 mil desovas por ano que geram aproximadamente 1,5 milhão de filhotes.
Saiba mais:
Veja matéria da TV Bahia, 26/10/2013.
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