24/06/2017 - Recordes e números positivos. Leia mais. ↓
Fernando de Noronha tem a menor população de tartarugas verdes se reproduzindo em ilhas oceânicas brasileiras, mas tem apresentado gradativo aumento e dá sinais de que ainda há espaço para crescer. Trindade tem a maior população reprodutiva desta espécie no Brasil e a segunda do Atlântico Sul. O Projeto TAMAR acaba de divulgar um balanço da temporada 2016-2017 de reprodução das tartarugas marinhas, que termina agora nas ilhas.
No Brasil, a tartaruga-verde (Chelonia mydas) desova quase exclusivamente nas ilhas oceânicas de Trindade/ES, Atol das Rocas/RN e Fernando de Noronha/PE. Existem algumas desovas esparsas ao longo do litoral, como no norte baiano, com 150 desovas/ano desta espécie, mas concentrações regulares ocorrem somente nas ilhas.
Fernando de Noronha bateu o recorde de ninhos desta vez. As 424 desovas protegidas nesta temporada indicam crescimento de mais de 400% no número de ninhos em relação à temporada anterior. Cerca de 50% dos ninhos estavam na praia do Leão, principal área de desova no arquipélago. No que se refere ao número de filhotes, até o momento foram levadas ao mar em segurança 13.321 tartaruguinhas, o que corresponde a 207% a mais que na temporada anterior. O coordenador do TAMAR Noronha, Armando Barsante explicou que este aumento representa muito para a menor população de tartarugas dessa espécie reproduzindo nas ilhas oceânicas do Brasil. “Tem sido consistente o crescimento no número de ninhos ao longo das últimas três décadas e ainda há muito espaço para a população crescer”, conta o coordenador.
“Desde que o TAMAR chegou em Noronha, em 1984, as tartarugas marinhas não foram mais alvo de atividades predatórias e é plenamente possível que essa recuperação seja fruto dos esforços de conservação”, comenta Barsante. Como uma tartaruga marinha leva cerca de 30 anos para ficar adulta, as fêmeas novatas (ainda sem a marcação do TAMAR) representam a primeira geração que cresceu sob a proteção do Projeto. As novatas são os filhotes protegidos há 35 anos. Daqui 35 anos, os filhotes delas vão compor a segunda geração.
Em solo vulcânico - Já na ilha da Trindade, no Espírito Santo, que abriga a maior população reprodutiva das tartarugas verdes no Brasil e a segunda do Atlântico Sul, a temporada 2016-2017 também apresentou números animadores. Graças ao apoio da Marinha do Brasil, o TAMAR mantém atividades na ilha desde 1982. O trabalho de monitoramento diurno - com contagem geral dos rastros, e noturno - para confirmação de camas com desovas e camas sem desovas, flagrantes das fêmeas e marcação dos ninhos, foi realizado por três pessoas. “Nesta temporada, a equipe contabilizou 7.682 ocorrências reprodutivas, sendo 2.077 flagrantes de fêmeas em comportamento reprodutivo durante o monitoramento noturno nas praias da Andrada e Tartaruga, o maior número de flagrantes dos últimos 10 anos”, destaca a analista ambiental do Centro Tamar/ICMBio, Cecília Baptistotte.
Nessa temporada houve também um aumento de flagrantes de fêmeas remigrantes, ou seja, fêmeas que foram marcadas em temporadas anteriores, sendo registradas tartarugas marcadas em 1992, que após 25 anos de sua primeira marcação, continuam a desovar nos solos vulcânicos da Ilha da Trindade. “Além destas, tivemos também uma quantidade significativa de tartarugas remigrantes das temporadas 94/95, 95/96, 2011/2012 e 2012/2013, mostrando o resultado positivo dos trabalhos de marcação realizados durante os 35 anos do TAMAR no arquipélago”, comemora Cecília.
O Projeto TAMAR começou nos anos 80 a proteger as tartarugas marinhas no Brasil. Com o patrocínio da Petrobras, por meio do programa Petrobras Socioambiental, hoje o projeto é a soma de esforços entre a Fundação Pró-TAMAR e o Centro Tamar/ICMBio. Trabalha na pesquisa, proteção e manejo das cinco espécies de tartarugas marinhas que ocorrem no Brasil, todas ameaçadas de extinção: tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta), tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata), tartaruga-verde (Chelonia mydas), tartaruga-oliva (Lepidochelys olivacea) e tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea). Protege cerca de 1.100 quilômetros de praias e está presente em 25 localidades, em áreas de alimentação, desova, crescimento e descanso das tartarugas marinhas, no litoral e ilhas oceânicas dos estados da Bahia, Sergipe, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Ceará, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina.
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